No decorrer das últimas quatro ou cinco décadas o mundo vem passando por significativas mudanças que transformaram o contexto social e político, outrora tido como padrão. Dentre tais mudanças a globalização, no sentido de transformação espaço - tempo[1], é por mim apresentada como um, senão o principal fator que odifica referências antes classificadas como modelos. A globalização fez surgir novos contextos e trouxe novos
significados a hábitos e atitudes da vida cotidiana. Na atualidade, percebemos uma relação muito estreita entre o global e o local, pois Segundo Giddens (In MILIBAND,1997,p.39) "nossas atividades cada vez mais são influenciadas por eventos ocorrendo do outro lado do mundo; e inversamente, hábitos locais de estilo de vida tornam-se globalmente conseqüentes".
significados a hábitos e atitudes da vida cotidiana. Na atualidade, percebemos uma relação muito estreita entre o global e o local, pois Segundo Giddens (In MILIBAND,1997,p.39) "nossas atividades cada vez mais são influenciadas por eventos ocorrendo do outro lado do mundo; e inversamente, hábitos locais de estilo de vida tornam-se globalmente conseqüentes".
Os hábitos e procedimentos antes tidos como padrão sofreram alterações com a globalização, uma vez que ela provoca modificações também na vida cotidiana. Em uma sociedade globalizada a atitude ou o comportamento de uma pessoa em sua própria casa pode ter reflexos do outro lado do mundo. De uma maneira gradual, todas as esferas - coletiva, individual, social e política - são afetadas pelas contradições da globalização.
Os produtos que consumimos, nossas idéias e opiniões sobre determinado assunto, nossa prática cotidiana não mais se resume ao nosso próprio ambiente, mas sim ao ambiente compreendido como um todo, como um só mundo, mas ao mesmo tempo repleto de diferenças. A moda é ditada em Milão, Paris, Nova Iorque e é utilizada no Brasil, na Argentina, na África, ou vice-versa. O produtor de alimentos é regido pelas preferências dos consumidores não somente do local onde produz, mas, na maioria das vezes, de outros lugares até mesmo longínquos. A cura de uma doença descoberta em um continente certamente trará benefício mundial. A música, o cinema, a cultura reproduz-se com uma velocidade impressionante, invadindo nosso espaço e nos colocando em
contato com o todo. O surgimento de uma nova sociedade global acarreta modificações na ordem do capital, trabalho, tempo, espaço, ser, agir e sentir, assim como transforma as relações entre Estados, já que assuntos sociais, econômicos, culturais e políticos, antes tidos como de interesse nacional, passam a fazer parte do mundo global, interferindo não somente onde ocorrem, mas em diferentes partes do globo. Mantendo suas diversidades e problemas internos, as sociedades estão definitivamente articuladas em uma verdadeira nação global, que compreende processos e relações dos mais variados tipos, mesmo que, várias vezes, operem de modo desigual. Os indivíduos são objetos das transformações que estão ocorrendo, quando seus reflexos acarretam mudanças em suas profissões, seus espaços de lazer e dentro de sua própria casa. Não podemos mais analisar as relações de trabalho, por exemplo, da mesma forma que fazíamos anteriormente. Os modelos tradicionais de relação de emprego estão desaparecendo; funções estão sendo remodeladas e resignificadas diante das alterações introduzidas com a globalização; percebemos inúmeras ocupações que surgem em decorrência do processo, como,
por exemplo, trabalhadores virtuais, que não se afastam de sua casa mas que se encontram inseridos no mundo do trabalho, através da prestação de serviços para empresas. Espetáculos culturais rodam o mundo, filmes são assistidos pelas mais variadas platéias, idéias são debatidas em videoconferência, com participantes dos mais diversos países. Da mesma forma, as alterações sofridas pela natureza, por exemplo, em um determinado local podem gerar manifestações por pessoas do outro lado do planeta. Ainda, assuntos como violência, meio ambiente, gênero, não mais são debatidos por certos grupos e sim por uma quase totalidade, espalhada pelos quatro cantos. Não raro observamos manifestações contra a violência, o porte de armas, a favor do desarmamento ocorrendo em vários locais espalhados pelo mundo, ao mesmo tempo, em um movimento sincronizado e coletivo. A modernidade via o tempo como algo dinâmico e o espaço como fixo; entretanto, tal não é estático, já que a atividade humana
transforma-o. A globalização trouxe como uma de suas grandes inovações a dinamização não somente do tempo, como também do espaço. O que ocorre é que as estruturas globais fazem com que tudo se movimente em várias
direções, conhecidas ou desconhecidas. As ações políticas, econômicas, sociais, culturais não mais podem ser localizadas em um ponto específico, senão em diversos locais, porque a globalização desloca ou dissolve
fronteiras, centros decisórios e pontos de referência. A economia hoje se organiza em centros de comando interligados, permitindo a expansão e incorporação de novos mercados, derrubando barreiras e transformando o espaço.
A política não mais pode ser considerada como local, pois decisões tomadas de forma localizada podem acarretar efeitos mundiais. Nosso cotidiano não é mais particular, já que nos encontramos interligados e conectados com o
mundo. Nada mais é exato, não vislumbramos início ou fim. Destaco aqui uma das características da globalização, denominada desterritorialização. A desterritorialização torna tudo e todos mundiais, sem referência fixa,
já que altera de forma contundente a questão do espaço, nos apresentando um novo mundo. A globalização tende a desenraizar as coisas, as pessoas e as idéias. Sem prejuízo de nossas origens, adquirimos algo de deslocado,
genérico, indiferente. Fronteiras naturais inexistem, bem como lugares desconhecidos. Nós pertencemos ao mundo, e o mundo todo nos pertence. Os centros decisórios mundiais, antes tidos como determinados, não mais
podem ser localizados. Eram pontos de referências, hoje se encontram deslocados, dispersos. Dispersos também são os lugares, as empresas, os conglomerados, os grupos grandes e pequenos. Tudo se torna global: dilemas
sociais, políticos, culturais e econômicos não mais pertencem a um só, mas a todo o mundo. A desterritorialização, por outro lado, pode implicar uma certa subordinação de aspectos políticos aos movimentos do capital, da economia, já que por várias vezes o Estado-Nação está operando mais como um
regulador da economia e articulador de capitais e limitando sua atuação a pequenas interferências em demais problemas cotidianos no interior de seu próprio país.
A política moderna pode ser caracterizada, ainda, pelos conflitos entre as organizações de classe e o Estado, onde se desconsideravam questões específicas e localizadas relativas a pequenos grupos e a indivíduos. Com a globalização nós temos uma inversão da "luta", onde os interesses dos indivíduos se sobrepõe aos da classe, e os assuntos surgidos nas vias não institucionalizadas (novos movimentos, ONGS), ocupam o centro do
espaço político. Entretanto, ao mesmo tempo em que a globalização faz surgir novas formas políticas, oportunizando vez e voz aos que antes não figuravam no espaço político mundial, é por eles criticada e contestada. Vários são os movimentos que se voltam contra a globalização, acusando-a de todas as mazelas sociais, econômicas e políticas existentes na atualidade. Tal aspecto, embora importante, não pode ser considerado característica da nova política, pois a política surgida com a globalização volta-se às
necessidades básicas dos indivíduos, porque, na atualidade, concebemos a política de uma forma restrita, onde as decisões políticas, cada vez mais, direcionam-se a pequenos grupos ou a certos segmentos, e não somente ao
coletivo. Com a desvalorização da política e o esvaziamento aparente de poder do governo em Giddens (2000) vislumbramos o cenário propício ao surgimento de formas substitutivas da política tradicional. Tais traduzem-se lo surgimento de novos movimentos sociais, organizações não governamentais, comunitárias, também reconhecidas como micropolíticas.
Os produtos que consumimos, nossas idéias e opiniões sobre determinado assunto, nossa prática cotidiana não mais se resume ao nosso próprio ambiente, mas sim ao ambiente compreendido como um todo, como um só mundo, mas ao mesmo tempo repleto de diferenças. A moda é ditada em Milão, Paris, Nova Iorque e é utilizada no Brasil, na Argentina, na África, ou vice-versa. O produtor de alimentos é regido pelas preferências dos consumidores não somente do local onde produz, mas, na maioria das vezes, de outros lugares até mesmo longínquos. A cura de uma doença descoberta em um continente certamente trará benefício mundial. A música, o cinema, a cultura reproduz-se com uma velocidade impressionante, invadindo nosso espaço e nos colocando em
contato com o todo. O surgimento de uma nova sociedade global acarreta modificações na ordem do capital, trabalho, tempo, espaço, ser, agir e sentir, assim como transforma as relações entre Estados, já que assuntos sociais, econômicos, culturais e políticos, antes tidos como de interesse nacional, passam a fazer parte do mundo global, interferindo não somente onde ocorrem, mas em diferentes partes do globo. Mantendo suas diversidades e problemas internos, as sociedades estão definitivamente articuladas em uma verdadeira nação global, que compreende processos e relações dos mais variados tipos, mesmo que, várias vezes, operem de modo desigual. Os indivíduos são objetos das transformações que estão ocorrendo, quando seus reflexos acarretam mudanças em suas profissões, seus espaços de lazer e dentro de sua própria casa. Não podemos mais analisar as relações de trabalho, por exemplo, da mesma forma que fazíamos anteriormente. Os modelos tradicionais de relação de emprego estão desaparecendo; funções estão sendo remodeladas e resignificadas diante das alterações introduzidas com a globalização; percebemos inúmeras ocupações que surgem em decorrência do processo, como,
por exemplo, trabalhadores virtuais, que não se afastam de sua casa mas que se encontram inseridos no mundo do trabalho, através da prestação de serviços para empresas. Espetáculos culturais rodam o mundo, filmes são assistidos pelas mais variadas platéias, idéias são debatidas em videoconferência, com participantes dos mais diversos países. Da mesma forma, as alterações sofridas pela natureza, por exemplo, em um determinado local podem gerar manifestações por pessoas do outro lado do planeta. Ainda, assuntos como violência, meio ambiente, gênero, não mais são debatidos por certos grupos e sim por uma quase totalidade, espalhada pelos quatro cantos. Não raro observamos manifestações contra a violência, o porte de armas, a favor do desarmamento ocorrendo em vários locais espalhados pelo mundo, ao mesmo tempo, em um movimento sincronizado e coletivo. A modernidade via o tempo como algo dinâmico e o espaço como fixo; entretanto, tal não é estático, já que a atividade humana
transforma-o. A globalização trouxe como uma de suas grandes inovações a dinamização não somente do tempo, como também do espaço. O que ocorre é que as estruturas globais fazem com que tudo se movimente em várias
direções, conhecidas ou desconhecidas. As ações políticas, econômicas, sociais, culturais não mais podem ser localizadas em um ponto específico, senão em diversos locais, porque a globalização desloca ou dissolve
fronteiras, centros decisórios e pontos de referência. A economia hoje se organiza em centros de comando interligados, permitindo a expansão e incorporação de novos mercados, derrubando barreiras e transformando o espaço.
A política não mais pode ser considerada como local, pois decisões tomadas de forma localizada podem acarretar efeitos mundiais. Nosso cotidiano não é mais particular, já que nos encontramos interligados e conectados com o
mundo. Nada mais é exato, não vislumbramos início ou fim. Destaco aqui uma das características da globalização, denominada desterritorialização. A desterritorialização torna tudo e todos mundiais, sem referência fixa,
já que altera de forma contundente a questão do espaço, nos apresentando um novo mundo. A globalização tende a desenraizar as coisas, as pessoas e as idéias. Sem prejuízo de nossas origens, adquirimos algo de deslocado,
genérico, indiferente. Fronteiras naturais inexistem, bem como lugares desconhecidos. Nós pertencemos ao mundo, e o mundo todo nos pertence. Os centros decisórios mundiais, antes tidos como determinados, não mais
podem ser localizados. Eram pontos de referências, hoje se encontram deslocados, dispersos. Dispersos também são os lugares, as empresas, os conglomerados, os grupos grandes e pequenos. Tudo se torna global: dilemas
sociais, políticos, culturais e econômicos não mais pertencem a um só, mas a todo o mundo. A desterritorialização, por outro lado, pode implicar uma certa subordinação de aspectos políticos aos movimentos do capital, da economia, já que por várias vezes o Estado-Nação está operando mais como um
regulador da economia e articulador de capitais e limitando sua atuação a pequenas interferências em demais problemas cotidianos no interior de seu próprio país.
A política moderna pode ser caracterizada, ainda, pelos conflitos entre as organizações de classe e o Estado, onde se desconsideravam questões específicas e localizadas relativas a pequenos grupos e a indivíduos. Com a globalização nós temos uma inversão da "luta", onde os interesses dos indivíduos se sobrepõe aos da classe, e os assuntos surgidos nas vias não institucionalizadas (novos movimentos, ONGS), ocupam o centro do
espaço político. Entretanto, ao mesmo tempo em que a globalização faz surgir novas formas políticas, oportunizando vez e voz aos que antes não figuravam no espaço político mundial, é por eles criticada e contestada. Vários são os movimentos que se voltam contra a globalização, acusando-a de todas as mazelas sociais, econômicas e políticas existentes na atualidade. Tal aspecto, embora importante, não pode ser considerado característica da nova política, pois a política surgida com a globalização volta-se às
necessidades básicas dos indivíduos, porque, na atualidade, concebemos a política de uma forma restrita, onde as decisões políticas, cada vez mais, direcionam-se a pequenos grupos ou a certos segmentos, e não somente ao
coletivo. Com a desvalorização da política e o esvaziamento aparente de poder do governo em Giddens (2000) vislumbramos o cenário propício ao surgimento de formas substitutivas da política tradicional. Tais traduzem-se lo surgimento de novos movimentos sociais, organizações não governamentais, comunitárias, também reconhecidas como micropolíticas.
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