quarta-feira, 12 de novembro de 2008

QUIMICA - ASSUNTO: PILHAS .


Introdução

Pilha, célula galvânica, pilha galvânica ou ainda pilha voltaica é um dispositivo que utiliza reações de óxido-redução para converter energia química em energia elétrica. A reação química utilizada será sempre espontânea.Neste dispositivo, têm-se dois eletrodos que são constituídos geralmente de metais diferentes, que fornecem a superfície na qual ocorrem as reações de oxidação e redução. Estes eletrodos são postos em dois compartimentos separados, imersos por sua vez em um meio contendo íons em concentrações conhecidas e separados por uma placa ou membrana porosa, podendo ser composta por argila não-vitrificada, porcelana ou outros materiais. As duas metades desta célula eletroquímica são chamadas de compartimentos e têm por finalidade separar os dois reagentes participantes da reação de óxido-redução, do contrário, os elétrons seriam transferidos diretamente do agente redutor para o agente oxidante. Finalmente, os dois eletrodos são conectados por um circuito elétrico, localizado fora da célula, denominado circuito externo, garantindo o fluxo de elétrons entre os eletrodos. As pilhas não devem ser confundidas com as baterias. Enquanto a primeira apenas converte energia química a elétrica, a segunda faz a interconversão entre energia química e elétrica. É importante saber que na pilha, os elétrons fluem do ânodo para o cátodo, sendo que o sentido da corrente elétrica, frequentemente utilizado na Física, se dá do cátodo para o ânodo.HistóriaNo século XVII Otto Von Guericke inventou a primeira máquina para produzir eletricidade. Luigi Aloisio Galvani na segunda metade do século XVIII começou a pesquisar a aplicação terapêutica da eletricidade, após dez anos de pesquisa publicou: "Sobre as forças de eletricidade nos movimentos musculares”, onde concluía que os músculos armazenavam eletricidade do mesmo modo que uma jarra de Leiden, e os nervos conduziam essa eletricidade. Os trabalhos de Galvani influenciaram Alessandro Volta, que após muitas pesquisas desenvolveu um dispositivo formado por prata e zinco ou prata e chumbo ou prata e estanho ou por cobre e estanho, ou ainda por prata e cobre, cada par metálico era separado por um disco de material poroso embebida em uma solução de sal, o disco inferior era sempre de prata e o superior de zinco, essas placas terminais eram ligadas por fios metálicos para conduzir a eletricidade produzida. Davy em 1812 produziu um arco voltaico usando eletrodos de carvão ligados a uma bateria de muitos elementos. As pilhas elétricas foram idealizadas por Alessandro Volta em 1800. A chamada pilha de Volta consta de uma sobreposição de discos de cobre e zinco, soldados dois a dois e dispostos na mesma ordem, ficando cada par separado do imediato por uma rodela de pano ou de cartão embebida em água acidulada como ácido sulfúrico. Volta notou entre as placas da base e as do alto, uma diferença de potencial que dava origem a fenômenos elétricos. Este foi o ponto de partida para a construção das pilhas elétricas. A pilha é um gerador químico, isto é, transforma energia química em energia elétrica. Entre os vários tipos de pilhas destacam-se as pilhas secas e úmidas.Como a Pilha funcionaSuponhamos, por exemplo, que separemos fisicamente a barra de zinco de uma solução de sulfato de cobre. O zinco é imerso numa solução de sulfato de cobre, assim como uma barra de cobre. As duas barras encontram-se interligadas eletricamente mediante um fio. Este dispositivo forma uma pilha.As barras de zinco e de cobre são denominadas eletrodos e fornecem a superfície na qual ocorrem as reações de oxidação e de redução. Se os eletrodos de zinco e o cobre forem ligados entre si, por meio de um circuito externo, haverá um escoamento de elétrons através desse circuito, do eletrodo de zinco para o de cobre, em cuja superfície serão recebido pelos íons Cu+2. (lembra-se da fila de reatividade!).E esses íons serão reduzidos e os átomos de cobre se depositaram na superfície do eletrodo de cobre (eletrodeposição).Nesta célula o eletrodo de zinco é denominado ânodo. O ânodo é um eletrodo no qual ocorre a oxidação:

Zn(s) Zn2+ + 2e– (reação anódica)O elétrodo de cobre, nesta composição, será o cátodo, um eletrodo no qual se realiza a redução.2e– + Cu2+ Cu(s) (reação catódica)Logo,• Ânodo = local onde ocorre oxidação • Cátodo = local onde ocorre redução À medida que se vai realizando a reação da célula, os íons de zinco migram afastando-se do ânodo de zinco, em direção do eletrodo de cobre, à semelhança do que ocorre com os íons de cobre. A pilha pode conter uma parede permeável ou uma ponte salina (com cloreto de potássio, os íons Cl– migram em direção ao ânodo e os íons K+ migram em direção ao cátodo) que fazem o contato entre as duas células. As reações de eletrodo e a reação da célula são:• Ânodo : Zn (s) Zn2+ + 2 e– • Cátodo : 2 e– + Cu2+ Cu(s) • Reação Global da Célula: Zn(s) + Cu2+ Zn2+ + Cu(s)


Tipos de Pilha


Pilha comum ou seca- A pilha comum ou seca é formada por um cilindro de zinco metálico, que funciona como ânodo, separado das demais espécies químicas presentes na pilha por um papel poroso. Dá voltagem de 1,5V, e é extensivamente usada em lanternas, rádios portáteis, gravadores, brinquedos, flashes, etc. O cátodo é o eletrodo central. Este consiste de grafite coberto por uma camada de dióxido de manganês, carvão em pó e uma pasta úmida contendo cloreto de amônio e cloreto de zinco. Esta pilha tem caráter ácido, devido a presença de cloreto de amônio.


Pilha Alcalina- Já a pilha alcalina, possui mistura eletrolítica que contém hidróxido de potássio ou de sódio (bases), ao invés de cloreto de amônio (sal ácido), e o ânodo é feito de zinco altamente poroso, que permite uma oxidação mais rápida em relação ao zinco utilizado na pilha seca comum. Dá voltagem de 1,5 V, e não é recarregável. Comparando-a com a pilha seca comum, a alcalina é mais cara, mantém a voltagem constante por mais tempo e dura cerca de cinco vezes mais. Isso ocorre porque o hidróxido de sódio ou potássio é melhor condutor eletrolítico, resultando uma resistência interna da pilha muito menor do que na pilha comum ou seca.





Pilha de Lítio- A pilha de Lítio popularizou-se com o aparecimento de micro circuitos electrónicos utilizados em relógios, jogos, etc. Destaca-se entre os demais tipos por descarregar-se muito lentamente quando armazenada carregada (em média 10% ao mês), e pelo tempo de recarga baixo. Entre todos os outros tipos, são as mais leves. Oferecem cerca do dobro da capacidade de uma bateria do tipo NiMH com o mesmo tamanho. O tempo de recarga também é o mais rápido quando comparado aos demais tipos. Pilhas de Mercúrio- Armazenam mais energia em um espaço menor e possuíam a durabilidade bem maior que as pilhas de zinco-carbono.




segunda-feira, 6 de outubro de 2008

FILOSOFIA - ASSUNTO :A Globalização

É o conjunto de transformações na ordem política e econômica mundial que vem acontecendo nas últimas décadas. O ponto central da mudança é a integração dos mercados numa "aldeia-global", explorada pelas grandes corporações internacionais.
Os Estados abandonam gradativamente as barreiras tarifárias para proteger sua produção da concorrência dos produtos estrangeiros e abrem-se ao comércio e ao capital internacional.
Esse processo tem sido acompanhado de uma intensa revolução nas tecnologias de informação - telefones, computadores e televisão.

As fontes de informação também se uniformizam devido ao alcance mundial e à crescente popularização dos canais de televisão por assinatura e da Internet.
Isso faz com que os desdobramentos da globalização ultrapassem os limites da economia e comecem a provocar uma certa homogeneização cultural entre os países.
Ela também atinge as culturas, que muitas vezes são alteradas em seu modo de vestir, comer, divertir, além da música, cinema e outros.

A Conclusão feita pelos teóricos apontam que o fenômeno da globalização resulta de três aspectos ou forças poderosas: a revolução tecnológica, a interdependência dos mercados financeiros em escala planetária e a formação de áreas de livre comércio.







mundo não globalizado / mundo globalizado (hoje)

*Infelizmente a globalização não reduz a desigualdade, podendo assim trazer conflitos para a sociedade. Como se pode ver nas imagens abaixo:



Cultura X Globalização

Conforme o sociólogo alemão Ulrich Beck, com o termo globalização são identificados processos que têm por conseqüência a subjugação e a ligação transversal dos estados nacionais e sua soberania através de atores transnacionais, suas oportunidades de mercado, orientações, identidades e redes. Por isso, ouvimos falar de defensores da globalização e de críticos à globalização, num conflito pelo qual diferentes organizações se tornam cada vez mais conhecidas. Neste sentido, não se trata de um conflito stricto sensu sobre a globalização, mas sobre a prepotência e a mundialização do capital. Esse processo, da forma como ele atualmente vem acontecendo, não deveria sequer ser chamado de globalização, já que atinge o globo de forma diferenciada e exclui a sua maior parte – se observamos a circulação mundial de capital, podemos constatar que a maioria da população mundial (na Ásia, na África e na América Latina) permanece excluída.
Essa forma de globalização significa a predominância da economia de mercado e do livre mercado, uma situação em que o máximo possível é mercantilizado e privatizado, com o agravante do desmonte social. Concretamente, isso leva ao domínio mundial do sistema financeiro, à redução do espaço de ação para os governos – os países são obrigados a aderir ao neoliberalismo – ao aprofundamento da divisão internacional do trabalho e da concorrência e, não por último, à crise de endividamento dos estados nacionais.
A ampliação das possibilidades de comunicação tem contribuído para que protestos isolados pudessem se encontrar e constituir redes. O lema: “pensar globalmente e agir localmente” pôde ser superado, de forma que uma ação global se tornou possível, o que alterou a visão de mundo e os limites de tempo e espaço. Para além das diferenças étnicas, religiosas e lingüísticas dos povos, podemos falar de uma nova divisão do mundo: de um lado, uma minoria que é beneficiada pela globalização neoliberal e, de outro, a maioria que é prejudicada com a ampliação do livre mercado. Esse conflito está no centro do debate atual da humanidade, cujos efeitos caracterizam o espírito do nosso tempo e influenciarão a cultura da humanidade futura. Se a imagem das futuras gerações será fragmentada ou mais homogeneizada ainda não se sabe, mas a possibilidade de uma crescente desumanização é muito grande.
O modelo dominante de pluralidade cultural que se impôs ao longo do século XX nas democracias ocidentais e que o Brasil tentou imitar é o modelo liberal, que admite as diferenças entre os grupos e as comunidades e ao mesmo tempo as contém, de modo que os confrontos de visões de mundo provocados pelas diferenças entre as alteridades sejam contidos e controlados pelas instituições centralizadoras do Estado. Em alguns casos, como na nossa tradição autoritária, esses confrontos costumam ser não apenas contidos, como também muitas vezes desestimulados ou mesmo sufocados, como é o caso das tradições religiosas e dos rituais dos índios e das comunidades afro-brasileiras, que nunca foram tratados em pé de igualdade com as tradições cristãs ocidentais. Essa questão do pluralismo domesticado tem se agravado mais nos últimos anos com a adoção do modelo neoliberal de desregulamentação do Estado, que colocou a pluralidade como um valor de mercado. Assistimos assim a um formato de pluralismo cultural totalmente dominado pelas empresas e difundido pela publicidade. O turismo é um dos grandes alvos dessa pluralidade cultural posta a serviço do entretenimento: hotéis, shows, espetáculos, passeios, festivais, artesanato e toda uma linha de produtos de consumo que vende a "pluralidade" do nosso país, ensinando o jovem a ver-se apenas refletido no olhar exotizante de um consumidor externo.

Aspectos Sociais

Nos anos 90, a globalização econômica consolidou-se enquanto fase do capitalismo com marcantes pólos sociais, caracterizando-se como fenômeno que promoveu a comunicação entre as nações; abriu ‘portas’ para a transação dos mercados nacionais em função dos avanços tecnológicos; contribuiu para a formação de estratégias políticas internacionais, para o crescimento da interdependência dos povos.
Ao longo dos séculos, desde o início da formação da classe burguesa, a economia vem crescendo, desenvolvendo novas tecnologias e novas forças produtivas. Com a globalização, houve revolução tecnológica das informações (telefones, internet, satélites, entre muitos outros).
Os blocos econômicos estão cada vez mais em busca dos interesses capitalistas, e, com isso, resulta uma acirrada competição entre as empresas (industriais e comerciais), negócios pessoais, entre outros. O mundo globalizado visa ampliar o consumo de mercadorias e o aumento do capital circulante. A ciência favorece este processo, produzindo meios mais ágeis para dinamizar o mercado. Contudo, além do conforto e agilidade que a globalização proporciona para uma determinada camada da população mundial, também contribuiu para a miséria de muitos. No mundo globalizado, as indústrias procuram pessoas capacitadas (com o ensino superior e/ou técnico), porém, muitos países não investem na educação escolar para as classes populares. As empresas empregam em grande parte funcionários com um nível de educação superior. E o restante? Onde trabalharão? Como será o futuro dos excluídos em relação ao acesso ao conhecimento? Muitos deles fazem ‘bicos’ (pequenos trabalhos), que são irregulares, sem carteira assinada. Com salários baixos, ‘vivem’ precariamente.
Desta maneira, observa-se a discrepância entre as classes sociais. Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), em 2002, havia 3,1 milhões de crianças e adolescentes de 10 a 15 anos trabalhando. Na faixa dos 5 a 9 anos, são 280.228. Muitas destas crianças não freqüentam a escola e, se o fazem, não com a excelência necessária. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nos mostra outro ponto relevante: em 2003, a taxa de desemprego foi de 9,7%. Sendo que 23% dos brasileiros ocupados viviam com um salário mínimo ou menos, e outra parcela de 0,9% da população recebia mais de 20 salários mínimos. Estes são alguns dos indicadores da problemática do mundo globalizado. No contexto do mundo globalizado, a ciência, a tecnologia e os meios de produção desenvolvendo-se cada vez mais, gerando muitas riquezas, como se pode presenciar tanta pobreza? Eis uma indagação que nos faz pensar mais diretamente no aspecto social da globalização e seus reflexos. Neste sentido, o mundo globalizado precisa desenvolver condições mais humanizadas, realizar políticas públicas que supram as necessidades mais urgentes da população em geral, e desenvolver, plenamente, os ideais da democracia e dos direitos humanos, assim com o desenvolvimento sustentável. Desta maneira, haveria a possibilidade de crescimento econômico e melhor distribuição das riquezas entre os povos e poderemos alcançar o tão sonhado bem-estar social.

Aspectos Politicos

No decorrer das últimas quatro ou cinco décadas o mundo vem passando por significativas mudanças que transformaram o contexto social e político, outrora tido como padrão. Dentre tais mudanças a globalização, no sentido de transformação espaço - tempo[1], é por mim apresentada como um, senão o principal fator que odifica referências antes classificadas como modelos. A globalização fez surgir novos contextos e trouxe novos
significados a hábitos e atitudes da vida cotidiana. Na atualidade, percebemos uma relação muito estreita entre o global e o local, pois Segundo Giddens (In MILIBAND,1997,p.39) "nossas atividades cada vez mais são influenciadas por eventos ocorrendo do outro lado do mundo; e inversamente, hábitos locais de estilo de vida tornam-se globalmente conseqüentes".
Os hábitos e procedimentos antes tidos como padrão sofreram alterações com a globalização, uma vez que ela provoca modificações também na vida cotidiana. Em uma sociedade globalizada a atitude ou o comportamento de uma pessoa em sua própria casa pode ter reflexos do outro lado do mundo. De uma maneira gradual, todas as esferas - coletiva, individual, social e política - são afetadas pelas contradições da globalização.
Os produtos que consumimos, nossas idéias e opiniões sobre determinado assunto, nossa prática cotidiana não mais se resume ao nosso próprio ambiente, mas sim ao ambiente compreendido como um todo, como um só mundo, mas ao mesmo tempo repleto de diferenças. A moda é ditada em Milão, Paris, Nova Iorque e é utilizada no Brasil, na Argentina, na África, ou vice-versa. O produtor de alimentos é regido pelas preferências dos consumidores não somente do local onde produz, mas, na maioria das vezes, de outros lugares até mesmo longínquos. A cura de uma doença descoberta em um continente certamente trará benefício mundial. A música, o cinema, a cultura reproduz-se com uma velocidade impressionante, invadindo nosso espaço e nos colocando em
contato com o todo. O surgimento de uma nova sociedade global acarreta modificações na ordem do capital, trabalho, tempo, espaço, ser, agir e sentir, assim como transforma as relações entre Estados, já que assuntos sociais, econômicos, culturais e políticos, antes tidos como de interesse nacional, passam a fazer parte do mundo global, interferindo não somente onde ocorrem, mas em diferentes partes do globo. Mantendo suas diversidades e problemas internos, as sociedades estão definitivamente articuladas em uma verdadeira nação global, que compreende processos e relações dos mais variados tipos, mesmo que, várias vezes, operem de modo desigual. Os indivíduos são objetos das transformações que estão ocorrendo, quando seus reflexos acarretam mudanças em suas profissões, seus espaços de lazer e dentro de sua própria casa. Não podemos mais analisar as relações de trabalho, por exemplo, da mesma forma que fazíamos anteriormente. Os modelos tradicionais de relação de emprego estão desaparecendo; funções estão sendo remodeladas e resignificadas diante das alterações introduzidas com a globalização; percebemos inúmeras ocupações que surgem em decorrência do processo, como,
por exemplo, trabalhadores virtuais, que não se afastam de sua casa mas que se encontram inseridos no mundo do trabalho, através da prestação de serviços para empresas. Espetáculos culturais rodam o mundo, filmes são assistidos pelas mais variadas platéias, idéias são debatidas em videoconferência, com participantes dos mais diversos países. Da mesma forma, as alterações sofridas pela natureza, por exemplo, em um determinado local podem gerar manifestações por pessoas do outro lado do planeta. Ainda, assuntos como violência, meio ambiente, gênero, não mais são debatidos por certos grupos e sim por uma quase totalidade, espalhada pelos quatro cantos. Não raro observamos manifestações contra a violência, o porte de armas, a favor do desarmamento ocorrendo em vários locais espalhados pelo mundo, ao mesmo tempo, em um movimento sincronizado e coletivo. A modernidade via o tempo como algo dinâmico e o espaço como fixo; entretanto, tal não é estático, já que a atividade humana
transforma-o. A globalização trouxe como uma de suas grandes inovações a dinamização não somente do tempo, como também do espaço. O que ocorre é que as estruturas globais fazem com que tudo se movimente em várias
direções, conhecidas ou desconhecidas. As ações políticas, econômicas, sociais, culturais não mais podem ser localizadas em um ponto específico, senão em diversos locais, porque a globalização desloca ou dissolve
fronteiras, centros decisórios e pontos de referência. A economia hoje se organiza em centros de comando interligados, permitindo a expansão e incorporação de novos mercados, derrubando barreiras e transformando o espaço.
A política não mais pode ser considerada como local, pois decisões tomadas de forma localizada podem acarretar efeitos mundiais. Nosso cotidiano não é mais particular, já que nos encontramos interligados e conectados com o
mundo. Nada mais é exato, não vislumbramos início ou fim. Destaco aqui uma das características da globalização, denominada desterritorialização. A desterritorialização torna tudo e todos mundiais, sem referência fixa,
já que altera de forma contundente a questão do espaço, nos apresentando um novo mundo. A globalização tende a desenraizar as coisas, as pessoas e as idéias. Sem prejuízo de nossas origens, adquirimos algo de deslocado,
genérico, indiferente. Fronteiras naturais inexistem, bem como lugares desconhecidos. Nós pertencemos ao mundo, e o mundo todo nos pertence. Os centros decisórios mundiais, antes tidos como determinados, não mais
podem ser localizados. Eram pontos de referências, hoje se encontram deslocados, dispersos. Dispersos também são os lugares, as empresas, os conglomerados, os grupos grandes e pequenos. Tudo se torna global: dilemas
sociais, políticos, culturais e econômicos não mais pertencem a um só, mas a todo o mundo. A desterritorialização, por outro lado, pode implicar uma certa subordinação de aspectos políticos aos movimentos do capital, da economia, já que por várias vezes o Estado-Nação está operando mais como um
regulador da economia e articulador de capitais e limitando sua atuação a pequenas interferências em demais problemas cotidianos no interior de seu próprio país.
A política moderna pode ser caracterizada, ainda, pelos conflitos entre as organizações de classe e o Estado, onde se desconsideravam questões específicas e localizadas relativas a pequenos grupos e a indivíduos. Com a globalização nós temos uma inversão da "luta", onde os interesses dos indivíduos se sobrepõe aos da classe, e os assuntos surgidos nas vias não institucionalizadas (novos movimentos, ONGS), ocupam o centro do
espaço político. Entretanto, ao mesmo tempo em que a globalização faz surgir novas formas políticas, oportunizando vez e voz aos que antes não figuravam no espaço político mundial, é por eles criticada e contestada. Vários são os movimentos que se voltam contra a globalização, acusando-a de todas as mazelas sociais, econômicas e políticas existentes na atualidade. Tal aspecto, embora importante, não pode ser considerado característica da nova política, pois a política surgida com a globalização volta-se às
necessidades básicas dos indivíduos, porque, na atualidade, concebemos a política de uma forma restrita, onde as decisões políticas, cada vez mais, direcionam-se a pequenos grupos ou a certos segmentos, e não somente ao
coletivo. Com a desvalorização da política e o esvaziamento aparente de poder do governo em Giddens (2000) vislumbramos o cenário propício ao surgimento de formas substitutivas da política tradicional. Tais traduzem-se lo surgimento de novos movimentos sociais, organizações não governamentais, comunitárias, também reconhecidas como micropolíticas.